terça-feira, 25 de dezembro de 2007

TRANSITO X BICICLETA



Cruzar a cidade de bicicleta na hora do rush só não é mais rápido do que ir de moto; depois deles vêm o ônibus, o carro, o trem (integrado com metrô) e o metrô (com ônibus).

Uma "corrida maluca" realizada ontem entre seis meios de transporte diferentes, com largada às 18h na avenida Luiz Carlos Berrini (zona sul) e chegada na prefeitura (centro), verificou que o passageiro da integração ônibus/metrô pode levar 1h39min, ou 42min93s a mais que o motociclista.

As duas ciclistas chegaram em 48min20s e 52min15s; o passageiro dos ônibus (pegou dois), em 1h06min; em seguida vieram a motorista do carro (1h16min) e os que usaram a integração trem/metrô (1h23min) e ônibus/metrô.

Batizada de 1º Desafio Intermodal, a corrida foi uma iniciativa de três ONGs de ciclistas, com apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, e teve como inspiração um evento semelhante realizado em 31 de agosto no Rio. Na versão carioca, a moto e a bicicleta também chegaram antes.

A prova faz parte das atividades relacionadas ao "Dia sem Carro", marcado para amanhã, quando a população mundial será convocada a usar um outro meio de transporte.

Na corrida, todos estavam empenhados na defesa de alternativas ao carro. "No ônibus, você tem tempo para ler e ouvir música", diz o estudante Inácio Guerberoff, 26, que desceu no ponto errado e teve de andar mais até a chegada.

Mariana Cavalcanti, 30, que foi de carro, diz que já sofreu três seqüestros relâmpagos ao volante. Para o motociclista Rodrigo Pinto, 28, o problema "é que não se investe em educação no trânsito". "Em geral, o motoboy é mal educado". O professor João Campos, 30, que tem horários flexíveis, só anda de "trem e bike". Em meio à sua defesa do transporte alternativo, apertado no trem cheio, João é interrompido por um passageiro.

"Esse aqui é o "lerdeza", diz o supervisor de oficina Milton Nogueira, 40, que afirma levar 25 minutos para percorrer oito estações.

FONTE: Folha de São Paulo – Reportagem Local

Faria Lima é a avenida mais lenta de SP

Nos horários de pico, o motorista de automóvel circula em São Paulo com velocidade média inferior à de bicicletas e próxima à de uma carroça em alguns dos principais corredores comerciais e de serviços e em vias com faixas exclusivas de ônibus à esquerda, conforme dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Na lista de lugares onde, no período das 17 h às 20 h, os veículos enfrentam maior lentidão, destacam-se as rotas da Av. Brigadeiro Faria Lima/Hélio Pelegrino (foto), que teve média de 9,7 km/h em 2005, e a do corredor Consolação/Rebouças/Eusébio Matoso, com 10,4 km/h.

O ranking da lentidão na capital paulista também mostra que, pela manhã, as velocidades são menores no eixo da avenida Brasil/Pedro Álvares Cabral, com 11,4 km/h, e no da Cardeal Arcoverde, com 11,6 km/h.

Segundo Humberto Pullin, engenheiro civil que é consultor em transportes, uma bicicleta, num ritmo conservador, anda a 15 km/h e uma carroça, a 8 km/h. A pé, é possível se deslocar a 5 km/h -sem correr.

Os dados que dimensionam como os motoristas andam devagar nos horários mais críticos são um retrato do número crescente de veículos nas vias públicas, ao mesmo tempo em que não há mais espaço para a expansão da malha viária.

Só de um ano para cá a quantidade de veículos da capital paulista registrados no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) saltou de 5,31 milhões para 5,58 milhões. Na prática, um adicional de 275 mil, 754 novos diariamente.

Não é à toa que motoristas como Everaldo Mourão, 60, advogado, que trabalha e mora próximo da Faria Lima, diz que está "cada vez pior". "E esta semana possivelmente será a pior de todas", afirmava ontem ele, em referência à última semana de compras de Natal. "Não há nem opção de caminho", diz.

"Durante a semana, levo uma hora. Em final de semana, já fiz a rota em 15 minutos", reforça Felipe Rainho, 27, estudante que trabalha na Faria Lima e mora perto do Morumbi.

Nem a inauguração de um túnel, em 2004, no cruzamento com a Rebouças, foi suficiente para agradar aos condutores. Nem seria, segundo a avaliação de boa parte dos especialistas.

Muitos ainda citam medidas pontuais para quem anda de automóvel -como investimentos em semáforos inteligentes (que regulam o tempo em que ficam verdes de acordo com a quantidade de veículos em cada sentido), redistribuição da jornada de trabalhadores, restrições às entregas diurnas.

Mas a maioria condena a prioridade dada pelo poder público à fluidez dos carros e afirma que a única solução consistente é restringir sua utilização e investir em mais transporte coletivo e nos deslocamentos de pedestres e de bicicletas.

"Não há solução. Qualquer solução já feita em qualquer lugar do mundo desafogou por um certo tempo e depois causou congestionamento maior", diz Claudio de Senna Frederico, ex-secretário dos Transportes Metropolitanos. "O erro de todas as medidas relativas ao trânsito é focar no trânsito e em congestionamento. Só existe uma fórmula: menos carro".

Alguns eixos comerciais ou de serviços, como Faria Lima, Teodoro Sampaio e Cardeal Arcoverde, sempre tiveram velocidades baixas não só por concentrarem pólos de atração de tráfego como por autos em busca de vagas para estacionar.
A orientação ao motorista é sempre evitá-los, mais ainda em época de festas como Natal.

Já alguns corredores como Francisco Matarazzo/São João e até Consolação/Rebouças/Eusébio Matoso foram marcados nos últimos anos por uma redução mais acentuada da velocidade em razão da implantação de faixa exclusiva para os ônibus. Algo que piorou a situação dos carros, mas melhorou a dos coletivos, que passaram a andar próximos dos 20 km/h.

Na rota da Francisco Matarazzo/São João, a queda em alguns horários foi de 24,2 km/h para 14,6 km/h desde 2000.

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